sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Futuro do Pretérito

Toro Rosso não té dá asas!



A Scuderia Toro Rosso disputa seu quinto campeonato na F1. Sendo sempre a Equipe B do império do Energético mundialmente famoso, era de se esperar que acompanhasse o sucesso da Equipe A menos de longe. 

Mesmo inspirado no carro da RBR, o STR5 só lembra as cores do projeto vencedor. Tendo a obrigatoriedade de construir seu próprio chassi, a fábrica de Faenza não consegue dar a seus pilotos uma máquina tão bem resolvida como aquela idealizada por Adrian Newey.  Somando as restrições de testes impostas pelo regulamento da Fórmula 1 às limitações orçamentárias da equipe que sucedeu a "aguerrida" Minardi – cujo momento mais marcante de sua história de 21 anos  na categoria foi o sensacional looping dado por Christian Fittipaldi no Grande Prêmio da Itália em 1993 – o horizonte” Rosso” é russo por via de conseqüência. Mas parecia ser de outra “cor”...

Depois de uma estréia discreta em 2006 (1 pontinho), as avaliações feitas levaram a direção da equipe  a traçar mudanças para a temporada seguinte.

Do primeiro para o segundo ano, o time trocou o incipiente motor Cosworth pelo propulsor da Ferrari. Como marca de evolução conseguiu registrar 8 pontos no Mundial de Construtores de 2007, deixando para trás Honda, Super Aguri e Spyker. 

Em 2008, apostou em Vettel e Bourdais. Triturou a boa reputação do francês,  mas logrou êxito com a promessa alemã – logo promovida a titular da Equipe A na temporada seguinte. Com a façanha de Vettel, a STR terminaria aquela temporada com 39 pontos, em sexto lugar superando, inclusive, a RBR.

Ano passado, o sinal mais evidente de que os ventos tinham mudado: um amargo último lugar nos Construtores: 8 pontinhos e a rabeira na tabela.
Atualmente, a coisa está mais feia. A Scuderia supera apenas as novatas Lotus, Virgin e a insólita porcaria da HRT.
Cabe uma pergunta: qual o interesse de Dietrich Mateschitz em manter a STR na F1? É pelo marketing? Sabemos que o austríaco adora uma badalação midiática. Mas não estaria havendo uma sobreposição de projetos? 

Se a Toro Rosso existe como “campo de provas” para pilotos que buscam a “promoção natural” rumo a RBR, estará valendo a pena? 

Com a necessidade de fazer frente a Ferrari e McLaren, é óbvio que a grana gorda será em maior parte carreada para a Red Bull Racing. E, como se vê, o que sobra pra STR é pouco e talvez mal aproveitado. 


Resta saber o que deverá acontecer com a STR daqui pra frente. Se entrou de fato no tal do “espiral descendente” poderá viver um futuro tenebroso: se parecer cada vez mais com a Minardi – uma indesejável volta ao passado
CADA VEZ MAIS PARECIDAS? SÓ O TEMPO NOS DIRÁ

domingo, 24 de outubro de 2010

Engodo Russo?

O que acontece com Vitaly Petrov? Será que nos enganamos com o cara? Por certo, houve precipitação por parte de muita gente.

 Chegou à F1 sem grandes expectativas, mas com grana oportuna para uma equipe em reconstrução depois que o Furacão Cingapura deixou a coisa feia no território francês.
Não deve ser fácil ter Robert Kubica como companheiro de equipe, mas o início de temporada do Pet das pistas até que foi interessante. Ainda estão vivas na memória dos fãs as belas imagens do pega que teve com Lewis Hamilton no GP da Malásia. Porém, a seqüência da temporada tem sido madrasta para Vitaly. Seus resultados construíram até aqui uma modestíssima 14ª posição na tabela. Kubica tem mais de 6 vezes o número de pontos de Petrov. A fase é crítica e rumores sobre sua permanência na Renault já circulam no sentido de saída. Dizem que, nos bastidores políticos (onde Babacclestone opera), com a realização do GP da Rússia, seria “interessante” ter um piloto do país na categoria. Mas, como a prova é só em 2014, Petrov vai ter que se esforçar pra permanecer no circo. E isso talvez signifique mudar de time, onde seu dinheiro fale mais alto.

A coisa tá preta pro russo.Quando a gente vê um carrinho amarelo no meio da brita (que não seja o trator de resgate) não resta a menor dúvida: na maioria quase absoluta das vezes “é o Pet, é o Pet, é o Pet”.

Pet Moments na F1 2010. A brita é fofinha, mas a vida é dura pro russo Vitaly Petrov

sábado, 23 de outubro de 2010

Duelo sem Holofotes

Não dá pra cobrar de ninguém que preste atenção numa briga que não esteja envolvendo pilotos de Ferrari, McLaren e Red Bull nessa reta final de campeonato. É mais do que normal que todos olhem pra parte de cima da tabela, façam prognósticos e escolham pra quem torcer. 
Porém, existe uma disputa um pouco abaixo da “crista da onda” que tem lá seus atrativos. O duelo Williams X Force India. 

Em 2009, o time inglês, empurrado pelo motor Toyota, obteve o dobro de pontos de seu adversário em questão. Mas, no final da temporada passada, a Force India, com motor Mercedes, era o carro em ascensão enquanto a Williams vislumbrava um horizonte de incertezas no seu reatamento de laços com a Cosworth. 

O início de 2010 mostrava uma situação mais auspiciosa para a equipe de Vijay Mallya. Mas, à exceção do GP da Bélgica, os últimos resultados obtidos pela Force India são bem menos encorajadores, culminando com a classificação do treino oficial para o primeiro GP da Coréia, onde nenhum de seus pilotos conseguiu vaga no “Q3”. 

Do lado da Williams, os resultados de pista têm melhorado consistentemente. Talvez pela performance mais produtiva do calouro Hulkenberg que parece de fato ter conseguido andar em ritmo mais próximo de seu companheiro Rubinho, às vezes o superando. Mas é evidente que as evoluções de temporada trouxeram à equipe melhores condições de disputa. Nesse particular, parece que a Force India progrediu menos; daí porque podemos perceber a proximidade entre elas na tabela de classificação dos Construtores: diferença de míseros 2 pontos a favor da turma de Vijay.

A disputa entre a força emergente e a tradição que busca reviver os bons tempos talvez rendesse até uma tese para sociólogos, cientistas políticos e historiadores – a reavivarem  termos como “colonizados e colonizadores”, mas, convenhamos, essa é uma nuance pouco inspiradora quando o assunto é velocidade.

Alguns podem argumentar que o fato de a Williams não fazer frente à Mercedes e à Renault no mundial de Construtores, mostra o fracasso. E estar medindo capacidade com a Force India seria a “confirmação” do declínio de uma outrora equipe grande. Mas é preciso lembrar que, a despeito das dificuldades financeiras, FranK Willias inicia nova fase e é preciso dar tempo para medir o potencial desse novo casamento recém-celebrado.

Naturalmente que essa refrega entre as equipes se refletiria também no mundial de pilotos. Neste caso, falamos de Adrian Sutil e Rubens Barrichello. O bom alemão e o veterano brasileiro correm com objetivos diferentes. Enquanto Adrian quer uma chance melhor para a seqüência da carreira, Rubens sabe que não lhe restam tantas corrida a se somarem a já impressionante marca de mais de 300 GPs disputados. Mas o instinto de piloto só permite o gosto pela competitividade na pista. Barrichello lidera um projeto de revigoramento na Williams. Ao passo que Sutil já não esconde de ninguém a vontade de ocupar outro cockpit. O que pode resultar disso, ainda não se sabe. Seja como for, é mais um bom duelo a ser observado principalmente se o piloto para quem você está torcendo na disputa pelo título eventualmente se der mal e abandonar a luta.

Em tempo: a vantagem de Sutil sobre Rubinho é de 6 pontos. Barrichello pode nem estar preocupado (ou empolgado) com tudo isso. Mas até que não seria nada mau ficar a frente do alemão - mais um que cruza seu caminho.

No mais, os fãs de F1 sempre conseguem descobrir mais coisas para as quais se “deva” prestar atenção.  Até mesmo na luta interna dos pilotos da HRT. Tem gosto pra tudo.

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

A melhor sombra




Atentos à tabela de classificação podemos reparar um fato revelador: Lewis Hamilton, o senhor “velocidade pura” sustenta mísera vantagem de três pontos para o “campeão sem graça” de 2009, Jenson Button.
Jenson já foi elogiado por chefes de equipes e colegas de trabalho em muitas ocasiões. E não seria de se esperar que após a temporada da redenção, seu passe pudesse sofrer alguma “desvalorização”. 
Entretanto, se não na grana que recebe, mas no prestígio entre analistas, torcedores e casas de aposta, Button assumiu o risco da depreciação ao aceitar o convite da McLaren para correr ao lado de seu compatriota, o queridinho que venceu a guerra psicológica com Fernando Alonso em 2007.
Se a McLaren vai conseguir fazer frente aos carros da Red Bull na reta final do campeonato, essa é uma questão importante; porém, não a única. Quem vence o duelo interno? O simples fato de tal pergunta ainda fazer sentido a 3 corridas do fim da temporada demonstra o acerto do time inglês em buscar um campeão para confrontá-lo com outro.

O surgimento meteórico de Lewis Hamilton chamou todas as atenções para o jovem que por pouco não conquistara o título no primeiro ano de carreira. Hamilton é, por certo, merecedor de todos os elogios que colecionou até aqui. Em função disso, alguns poderiam achar que sua equipe estivesse cometendo um erro de avaliação ao contratar Button. “Já temos um campeão, não precisamos de outro”, poderiam dizer alguns.  Após dezesseis etapas, contudo, o que se vê é uma realidade que inegavelmente surpreende.
Hamilton talvez tenha se sentido um pouco desprestigiado no início do ano. Mas tratou de andar tudo o que podia para fazer crer que se para Button um contrato milionário com a McLaren era um baita negócio, para o time, a conclusão talvez pudesse ser outra ao final de um ano. 
Um campeonato de F1 não é uma disputa de arrancadas. Há muita coisa em jogo. E regularidade continua sendo uma palavra relevante na brincadeira de dar muitas voltas. 
Hoje, é possível que o próprio Hamilton se sinta um pouco incomodado ao olhar Button muito próximo no retrovisor. Pode, assim, tirar lições, amadurecer e entender que para se tornar o que ele pretende, é preciso sempre mais. Sempre se aprimorar. Para isso, Jenson Button cumpre bem o papel de sombra – uma sombra de luxo, diga-se – para o mais promissor dos campeões ingleses.

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Lembranças da Madrugada

O Grande Prêmio do Japão traz muitas recordações para o torcedor brasileiro. A pista de Suzuka marcou os três títulos de Senna e o último dos três campeonatos de Nelson Piquet – que passeou domingo como campeão após a cagada de Mansell nos treinos.

 Foram cinco edições consecutivas decidindo a glória entre os grandes: 87, com Piquet e Mansell; 88, 89 e 90, com Senna e Prost; 1991 foi a vez do duelo entre Senna e Mansell.

Naquele tempo, criança tinha horário pra dormir. Eu precisava convencer meus pais que tinha que ver a corrida e F1 não tinha a importância e a tradição que tem hoje. Não tínhamos vídeo-cassete – ninguém na rua tinha. Não dava pra matar a satisfação com aqueles ridículos compactos que a Globo exibia depois do Som Brasil – com Lima Duarte, “viva o povo brasileiro”. Anos difíceis, torcedor! Hoje, é tudo mais fácil. A mulambadinha que nem bem trocou as fraldas já pode chegar a casa depois das 2 da manhã no domingo que tá tudo certo. Ver TV então? A qualquer hora. Não existe mais aquela “preparação” que tornava a corrida de horário "exótico" para os padrões brasileiros ainda mais especial. Agora o sujeito fica na internet até a hora da prova ou enchendo a caveira na rua onde tenha um telão que vai transmitir a prova. 

Outros tempos. A graça não é a mesma. Principalmente quando o assunto é o torcedor brasileiro e seus bravos compatriotas. Mais uma vez, cabe a coadjuvação esperada aos intrépidos volantes da Terra de Vera Cruz.

De todas essas decisões, aquele menino – um futuro herói japonês infiltrado na pobreza da vida comum de um Brasil de inflações imorais –deixou de assistir uma: exatamente aquela que daria ao Senna sua última conquista. Não pude assistir por não estar em casa. No interior, o povo dormia cedo e não havia a menor possibilidade de meus tios concordarem em me deixar ver a corrida de madrugada. Naquele tempo – acabo de ver o bolo de feno passar na minha frente; deserto de lembranças empoeiradas – TV de madrugada era sinônimo de “filme de sacanagem”. Então, criança na cama! Hoje, a sacanagem não tem hora nem lugar. Tem na Tv, na net, em Brasília, no Rio, em SP...e por aí.

Não vou negar que é mais fácil acompanhar F1 hoje por conta da tecnologia. Não bebo das águas da amargura saudosista sem propósitos. Mas que me perdoem os que não viveram aqueles tempos: nem de longe “a corrida da madrugada” tem hoje o mesmo significado, o mesmo clima e a mesma importância pra quem já viu aquilo tudo. Sem contar o fato de termos corrida de madrugada desde o início da temporada por conta das idiossincrasias contratuais de Berne Sombrio.

Mas vamos que vamos! Fã de F1 passa por tudo isso e segue em frente. Só peço a Deus que tenhamos uma corrida que nos faça valer a pena. Porque quando o troço é chato, não importa o horário: sempre será tempo perdido.