sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Confissões de um "observador"



 Faz tempo que a F1 realmente não me emociona. Talvez eu tenha aprendido a curtir a coisa de forma não convencional ou diferente. Isso não significa que é melhor torcer desse jeito. O esporte tem suas energias por vezes inexplicáveis. E reações não "programadas" saem tão ao natural que nos surpreendemos com nosso comportamento em determinado momento. Foi assim em 2008. Nunca fui torcedor de Massa, mas aquelas circunstâncias foram realmente diferentes. Fiz um texto sobre o ocorrido e mandei pro orkut. Alguns, se identificaram com ele. Reapresento a "peça" de minhas confissões para reavivar o clima que só Interlagos pode provocar. A seguir:


"Após anos dedicados a vida de torcedor das pistas, ele resolvera não ter desilusões e condicionou-se à vida de “observador” de corridas. Criada a “proteção” contra o sofrimento, tudo agora se tornara mais tranqüilo, mais ameno e até mais claro. Assim, o “observador” começou a se interessar por mais informações, detalhes, arquivos e entrevistas que aumentassem sua satisfação de fã do automobilismo. Tudo caminhava bem; já era a terceira temporada na “nova vida” e a relação “custo/benefício” estava “otimizada.”  
                Aí veio a corrida de Interlagos, o GP do Brasil, edição 2008. Sentado assistindo a televisão e grudado na transmissão do rádio, o “observador” buscava sempre mais “detalhes”. As insuportáveis especulações sobre a chuva já tinham sido assimiladas. Começa a prova. Muita gente “abanando” os carros... Ficava a impressão de que alguma coisa diferente estava pra acontecer a qualquer momento. Corrida animada, circuito legal, grande presença de público e alguns duelos interessantes.
                A condução cautelosa de L. Hamilton deixava o “observador” mais “seguro de si”, imaginando que era uma questão de tempo para que o inglês pudesse, com méritos, sagrar-se campeão do mundo.
                A chuva volta no final da prova e tudo muda muito rápido. Faltando três voltas, o “observador” já estava de pé (como se estivesse na antiga geral do Maracanã vendo uma daquelas arrancadas espetaculares do Zico). Duas voltas pro final: o “observador”, aos berros, não acredita no que vê, manda às favas suas “convicções” , a fleuma de “leitor de relatório de telemetria” e pula: ”Vai, Massa, vaaaaaaaaaaaaaai!!!!”. Já nem mais se reconhecia e vibrava muito.
                Última volta do campeonato: o velho coração de torcedor, que estava quietinho no canto dele, recebe um duro golpe ao ver a Toyota se arrastando (Burti foi quem chamou a atenção, pois Galvão, “o torcedor” não enxergava mais nada) e o L. Hamilton voltando à condição de início da prova. Final de temporada. Ao “observador” restou “esconjurar” a recaída, reafirmar as crenças pra 2009 e uma lição: “os deuses da F1” são caprichosos e traiçoeiros: dão com um alemão e tiram com outro!"

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