terça-feira, 2 de novembro de 2010

S E Q U Ê N C I A S

Quando terminei de assistir Homem de Ferro II – muito depois que a maioria - soltei aquela frase velha conhecida de quem se presta a ver seqüências cinematográficas: o primeiro é melhor!

E me deu aquele estalo: será que o mesmo se aplica em outras “artes” da vida? 

 Na F1,  a segunda geração de uma família sempre chega com aquela expectativa positiva. O tal de “filho de peixe, peixinho é” é como um mantra que fãs repetem para firmarem suas crenças e esperanças de voltar a ver o “NOME” brilhando nas pistas outra vez.

O primeiro exemplo que me vem à cabeça é Christian Fittipaldi. Sobrinho de campeão e filho de ex-piloto de F1, Christian passou por Minardi e Arrows. Mesmo com alguns bons resultados para um iniciante, suas aspirações na categoria foram “tolhidas” e decidiu ir para os Estados Unidos onde o tio famoso já era celebridade. 

Damon Hill é o próximo. Seu pai, Graham, bicampeão do mundo, foi o primeiro “mister Mônaco” da história; numa época bem diferente da que Damon viveu. Hill filho segurou (ele sim) o verdadeiro peso de “substituir” Senna na Williams e enfrentar Schumacher naquele traumático ano de 1994. A Williams era a dona dos grandes carros desde metade da temporada de 1991 até a estréia de Senna. Mesmo não sendo mais o “carro do outro mundo” por causa das grandes mudanças de regulamento, o pacote Williams-Renault era de melhor potencial. Perdeu dois campeonatos pro Schummy. Mas em 1996, deu o troco. Alguns o chamaram de “campeão sem graça” (coisa que mais tarde seria usada para descrever outro inglês, Jenson Button).  Seja com for, o brilho de Graham, 5 vezes vencedor em Monte Carlo (1963, 1964, 1965, 1968 e 1969) é inquestionavelmente maior.

O caso Villeneuve requer mais cuidados. Gilles foi um extraordinário piloto. Venceu 6 corridas. Seu filho, Jacques, foi campeão. Estaria aí um exemplo de exceção? Se perguntar aos que analisam e acompanham a F1 há décadas, invariavelmente, Gilles é apontado como superior. Sua morte por certo impediu uma consagração que seria apenas questão de tempo. Seu filho, mesmos sendo campeão, não conseguiu ter uma boa seqüência na carreira. Na BAR foi superado por Jenson Button e “pediu pra sair”. Tentou uma sobrevida na Sauber. Mas não conseguiu emplacar.  Pode, porém,  se orgulhar de ter batido Schumacher além de ter sido campeão também na Indy – na fase áurea da categoria. 

O mais controverso dos nossos personagens abordados é sem dúvida Nelson Ângelo Piquet. “Acusado” de ser filho do Tricampão Nelsão, Nelsinho chegou a F1 cercado de  bons augúrios. Com um bom retrospecto, Piquet Jr poderia ter a chance de continuar a saga de um nome vencedor nas pistas. Todos sabemos o que rolou. Sem entrar aqui nos detalhes, o fato é que ele saiu da F1 pela porta dos fundos. Uma pena. Já tem gente esperando o Pedro Piquet. Novo capítulo virá.

Por fim, falemos de quem ainda está na batalha.Por questão de espaço e tempo, vamos deixar Rosberg pra outra ocasião.
 Bruno Senna. É a mais desigual e injusta de todas as comparações entre gerações de um mesmo “clã”. Senna, o Ayrton, tornou-se um fenômeno das pistas no meio dos grandes com quem conviveu dividindo curvas e emparelhando em retas em disputas que renderam algumas das mais fantásticas imagens da história da F1. Bruno tem esse “fardo” a carregar. Mas sabe também que existe um mundo a sua volta que torce bastante por ele. Diz-se que nos bastidores políticos da F1, há movimentos que desejam fazer com que a categoria, de certa forma, expie sua culpa mortal pela tragédia de Imola. Não por sentimentos nobre, claro, mas por interesses comerciais. De qualquer forma, Bruno sabe muito bem que vai precisar mais do que o nome. A F1 é um ambiente hostil como convém a qualquer ninho de cobras. O resultado? Está sendo escrito por ele. Os rumores de sua ida para a Lotus aumentam a cada dia.  De qualquer modo, nada que Bruno faça o tornará superior ou sequer igual a seu tio, já consagrado a condição de figura mitológica das pistas.

Bem, no cinema não existe a “regra” de que o primeiro é sempre melhor. Exemplo clássico: Guerra nas Estrelas – O Império Contra-Ataca (que vem a ser o Episódio 5 na louca bi-trilogia invertida de George Lucas). A rigor, toda a saga Skywalker foi “num crescendo” para seus fãs. Mas o entendidos argumentam que é sempre um desafio uma seqüência superar o original. E que em muitos casos, o fracasso se dá de forma até previsível. 

Na F1, a tal “regra” também não faz parte do regulameto. Então, que venham novas e boas seqüências. Porque, afinal, melhor do que “Fulano II, a missão” é saber que o enredo continuará com ótimas cenas de ação que farão a felicidade de quem curte, acima de tudo, a disputa entre máquinas e pilotos.

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